por
Daniella Peneluppi
Entre as linhas do céu,
mar, contorno de montanhas e o horizonte brincam de existir pés, no
litoral, a carimbar no tempo a passagem. Tecendo círculos em pequeno espaço
azul as primeiras estrelas da noite surgem. E enquanto a água vai e vem,
escorrendo pelos vãos dos dedos, a vida passa... Tão sem sentido quanto às conchas descartadas
pelas ondas, mas quente e intensa como o Atlântico. Perdidos em pensamentos os
olhos fixos no balé do crepúsculo, em crise com a Lua, refletem esperança. E o
corpo estático, na areia já gelada, sente o tamanho que é e o quanto ainda pode
expandir. Já é hora de ser o que a consciência deseja, o previsível cansa,
talvez assim você encontre mais sentido nas coisas. Por que devemos ser o que
escolhemos um dia, lá atrás, como se fosse carma, uma condenação ao tédio
eterno? Podemos mudar de opinião, as atitudes, sonhos, cheiros, gostos, trabalhos,
até de vida, de amor, de cor. Mas parece que escolhas são como anéis em dedos e que passamos a precisar deles para segurar a vida, como se nos tornássemos Smeagols. E mais este conflito para derreter? Nem tudo o que reluz é ouro. Hum, interessante! Viu? Não posso apontar,
dizem que dá verruga, mas por ali cruzou uma estrela cadente! Façamos um
pedido. Faça o seu pedido... Não importa se não viu a estrela, ela acaba de
passar, a vibração é o que importa. Já fez? Mas peça algo diferente, algo que
nunca pediu antes... E os pés, afastando-se da praia, seguem em direção aos
vaga-lumes. Adentram-se na mata dançando a valsa da noite densa e nunca mais
são vistos em suas atividades cotidianas.
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